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Performance TERRITÓRIO Trabalho de Corpo
Local
Galeria 33
Projeto
Trabalho de Corpo
Data e Hora
06/04/2024 às 17h
Localização
Joinville - Santa Catarina / Brasil
Trabalho de Corpo
Na segunda metade do século XX, no contexto dos desenvolvimentos da arte pop, do minimalismo e da arte conceitual que tomaram a cena artística nas décadas de 1960 e 1970, colocando em xeque os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, surge um gênero artístico nos Estados Unidos denominado arte performática, que combina especificamente elementos de disciplinas variadas. Instalações, happenings - que envolvem a participação do público - e performances foram amplamente realizados, reorientando a arte ao direcionar a criação artística para as coisas do mundo, a natureza e a realidade urbana. A partir de obras que articularam diferentes modalidades artísticas, como dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc., desafiando as classificações habituais e questionando sua própria definição. O rompimento das barreiras entre arte e não-arte, assim como as relações entre arte e vida cotidiana, constituíram-se como preocupações centrais para a arte performática (como também para outras vertentes da arte contemporânea, como, por exemplo, arte ambiente, arte pública, arte processual, arte conceitual, land art, etc.), o que permite flagrar sua filiação às experiências realizadas pelos surrealistas e, sobretudo, pelos dadaístas.
É nessa linhagem que se localizam as performances realizadas por Jean Smekatz, artista visual e performer com experiências nas áreas da dança e teatro. O qual devido a um machucado no joelho, foi forçado a abandonar a carreira de dançarino e, como consequência, enveredou-se pela moda, formando-se bacharel em Design. Durante a formação em moda, também cursou disciplinas e cursos livres de artes visuais, durante os quais sentiu-se especialmente atraído pela arte minimalista e pela arte performática.
A partir dessas experiências Smekatz passa a desenvolver performances multidisciplinares compostas por elementos de dança, artes visuais e moda, com atenção especial aos figurinos e à utilização de tecidos tingidos ou manchados com pigmentos como objetos cênicos, os quais sintetizam de forma coerente suas trajetórias de vida e artística.
No projeto Trabalho de Corpo em questão, o artista propõe uma imersão em sua obra através da apresentação de seis performances realizadas em locais emblemáticos da cidade de Joinville.
A performance Derra_mar, apresentada no Museu de Arte de Joinville, aborda a transformação da matéria líquida em três atos. No primeiro ato, encontram-se alinhados no chão do espaço expositivo objetos vítreos de dimensões variadas preenchidos por líquido incolor. Em um segundo momento, o performer despeja pigmento azul em dinâmicas temporais variadas, criando uma sinfonia visual de tonalidades diversas. A ação resulta em uma instalação.
A performance Rito de Éthos – Para o Armário Jamais Voltaremos, apresentada no Museu Nacional de Imigração e Colonização, como sugere o título, aborda sutilmente questões de gênero e material biográfico do seu criador. Primeira- mente, o performer movimenta-se explorando a relação entre o seu corpo e as partes internas e externas de um armário. Em um segundo momento, retira deste tiras de tecido branco que tinge com líquidos nas cores vibrantes vermelha, laranja, amarelo, verde, azul e violeta, que encontram-se em bacias à sua frente.
Em seguida, as estende de volta em direção ao armário, pendurando-as na parte interna do mesmo. Gerando, ao término, uma pintura expandida com as cores da diversidade.
A terceira performance, Território; apresentada no Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, também possui três fases. A primeira é constituída por cinco bacias com terra e um varal com roupas. Na segunda fase, as bacias são sucessivamente visitadas pelo performer que, a partir do contato do seu corpo, esculpe a terra nelas contida. A ação também é realizada nas vestes penduradas, que significam para o artista eventos de vida em suspensão, mesmo quando conectados pelo varal, que simboliza uma linha temporal. As três performances serão reapresentadas também na Galeria 33.
O projeto Trabalho de Corpo constitui-se não apenas como uma retrospectiva da obra performática de Jean Smekatz, mas também como experiências poéticas, sensíveis e políticas tão necessárias ao momento atual. Ou seja, como uma oportunidade única para, juntos ao artista, criarmos sentidos as suas e, consequentemente, as nossas experiências de vida.
Marta Soares Curadora















